Sep 26 / José Pedro Pinto

Hemoperitoneu: Abordagem na Sala de Emergência

Neste Caso Clínico exploramos o caso de um paciente do sexo masculino, 47 anos, sem antecedentes de relevo ou medicação habitual. Vítima de acidente de mota com alta cinética.
Este caso clínico é apresentado com o recurso à estrutura dos 4 Is do POCUS: Identificação, Imagem, Interpretação e Integração. 

Identificação

Indivíduo do sexo masculino, 47 anos, sem antecedentes de relevo ou medicação habitual. Vítima de acidente de mota com alta cinética. Trazido em plano duro, com colar cervical.
Abordagem Sala Emergência:
A – via aérea permeável, sem dor cervical
B – eupneico, sem SDR, AP sem alterações
C – HD estável, dor abdominal difusa, dúvida se SIP 
D – ECG 15, pupilas OK
E – escoriações dispersas e desalinhamento da perna esquerda

Imagem

Hepatorrenal

Esplenorrenal

Suprapúbico

TC

Interpretação

Qual é o diagnóstico e quais as orientações que tomaria?

O diagnóstico mais provável é Hemoperitoneu e a orientação Blush arterial no TC, Laceração grau 4, Queda de Hb 4 gr em 2h, Normotensão, mas taquicardia mantida.
eFAST de reavaliação agravado.
Clara noção de aumento versos a imagem inicial, sempre integrada na clínica de um doente que clinicamente mantém uma taquicardia refratária aos fluidos intravenosos e analiticamente exibe uma quebra de hemoglobina marcada em 2 horas.

Integração

Neste caso fica clara a mais-valia da reavaliação ecográfica on demand, que permitiu suportar ainda mais a decisão clínica da indicação cirúrgica. Para além de fundamentar a indicação em sinais e sintomas, como a taquicardia, ligeira hipotensão e claros sinais de irritação peritoneal a laparotomia ganhou ainda mais terreno – em contraponto a uma eventual abordagem endovascular - com o suporte imagiológico do 5º pilar do exame objetivo: o ultrassom. 
Intra-operatoriamente foi constatado um hemoperitoneu de grande volume e uma laceração grau 4 ilustrada em imagem abaixo, sobretudo na face posterior do baço. Sem outras lesões associadas. O doente efectuou a profilaxia vacinal e teve alta no 4º dia pós operatório, sem intercorrências.

BO

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Para uma melhor compreensão dos pilares “Identificação, Imagem, Interpretação e Integração”, que estruturam a análise sistemática dos casos clínicos, em “Modelo dos 4 Is do POCUS” apresento esta abordagem. Estes princípios não só oferecem soluções adaptadas a cada cenário, mas também facilitam a comunicação entre diferentes especialidades.